Enquanto Lula se prepara para lançar a campanha “O Brasil é dos brasileiros”, num gesto claro
de afirmação da soberania nacional e de defesa da indústria brasileira diante
da agressão tarifária imposta por Washington, Bolsonaro fez o contrário: saiu em defesa das medidas de Trump e ainda
aproveitou para atacar o Brasil, acusando-o de estar contaminado por um “vírus
socialista”. A postura do ex-capitão que está prestes a ser condenado por
golpismo revela sua adesão cega a uma potência estrangeira, mesmo quando suas
decisões afetam diretamente o setor produtivo brasileiro, os empregos e o
desenvolvimento do país.
O partido de
Tiradentes
O lançamento da campanha pelo presidente Lula foi mais do que um gesto
político — foi um ato simbólico. Ao afirmar que “o Brasil é dos brasileiros”,
ele invocou o sentimento de pertencimento, a ideia de que o país deve ser
conduzido a partir dos seus próprios interesses. A ofensiva de Trump, ao
anunciar tarifas generalizadas sobre produtos importados, ameaça exportadores
brasileiros de diversos setores, em especial o agronegócio, que hoje depende
fortemente do mercado externo e, paradoxalmente, é uma das bases de sustentação
do bolsonarismo.
A reação de Lula mostra que o governo compreende a gravidade do cenário:
tarifas mais altas significam menos competitividade para os produtos nacionais,
redução de divisas, instabilidade no comércio internacional e, em última
instância, prejuízo direto ao trabalhador brasileiro. Herdeiro dos melhores
ideais patrióticos, o atual governo brasileiro não pode aceitar uma política
que prejudique o Brasil. E Lula, ao se posicionar contra o tarifaço, age como
representante legítimo do “partido de Tiradentes".
O partido de
Silvério
Bolsonaro, por outro lado, confirmou sua filiação histórica ao partido
de Silvério. Ao apoiar o tarifaço de Trump, ele não apenas renega os interesses
da indústria nacional, como também reforça a imagem de submissão que marcou seu
governo entre 2019 e 2022. Não por acaso, foi frequentemente chamado de
“capacho de Trump” nas redes sociais, em função de sua postura servil diante da
Casa Branca.
Seus ataques ao “vírus socialista” não passam de retórica oca para
disfarçar sua falta de compromisso com o país. Em vez de defender o Brasil
diante de um ato hostil de uma potência estrangeira, Bolsonaro escolhe atacar
seus próprios compatriotas, como se fosse um porta-voz do governo
norte-americano. É a versão contemporânea do delator dos inconfidentes
mineiros: a traição travestida de ideologia.
A encruzilhada
histórica
O tarifaço de Trump representa mais do que uma crise comercial. Ele
expõe uma encruzilhada histórica: o Brasil pode optar por defender seus
interesses com coragem e altivez ou seguir curvado diante de potências
estrangeiras. A reação de Lula mostra que há um projeto nacional em curso,
baseado na reindustrialização, na valorização do trabalho e na soberania.
A reação de Bolsonaro, por sua vez, confirma que, para ele e para a
extrema-direita brasileira, o país é apenas uma peça subordinada no tabuleiro
de outra nação. É o mesmo espírito entreguista que levou Silvério dos Reis a
denunciar Tiradentes à Coroa portuguesa — e que segue vivo,
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