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"O Potengi e sua pior seca"- Professor Silenildo


O Potengi e sua pior seca

Vivemos a maior e mais severa seca já sentida pelos potiguares. O Potengi, assim como em outras regiões do estado sofre com as consequências do esgotamento dos reservatórios, seja de abastecimento humano ou produtivo. No nosso caso específico, a barragem Campo Grande, encontra-se em situação crítica. Nunca se viu o açude nesta situação. Em 2013 houve redução na vazão da comporta justamente para que o reservatório perdesse menos água. Mas não choveu o suficiente para que o mesmo mantivesse seu volume.

As consequências foram surgindo e se agravaram. Segundo a Semarh-RN, em 17/09/15 a barragem estava com 11,68% de sua capacidade atual (23.139.587,00 m3 e não mais os 34 milhões de m3). Hoje, deve estar com menos de 10%.

Ao longo destes últimos três anos, pudemos acompanhar a agonia de agricultores e pescadores para manter suas atividades com a pouca água que ainda resta. No entanto, a situação se complica cada vez mais. Esta semana, a situação agravou-se e a comporta da Campo Grande não libera mais água para manter a perenização do rio Potengi. Muitos podem estar imaginando que não dependem da barragem e que esse problema não o afetará. Será? É necessário, portanto, fazer algumas reflexões. Os problemas são vários. Dentre eles, destaco inúmeras consequências ambientais, sociais e econômicas.

Ambiental: redução da biodiversidade local de diversas espécies como peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos que dependem diretamente ou indiretamente da água do açude. Outro fator muito preocupante é que sem água corrente no rio e com o lançamento de esgotos sem tratamento no leito os impactos ambientais se agravarão e a saúde da população do entorno e de toda cidade poderá ser prejudicada, pois muitos vetores de doenças se reproduzirão com maior facilidade.

Socioeconômica: se não tem água, não tem peixe, se não tem peixe não tem pesca e falta trabalho. Além da pesca, esse problema atinge diretamente os agricultores familiares que tiram o seu sustento a partir da produção de hortaliças e os criadores de animais que não dispõem de água para os mesmos. Assim, dezenas de famílias estão sem suas principais atividades ou ainda ficarão, se a situação não mudar.

Quando conversamos com agricultores, pescadores e outros populares sábios, percebemos quão grave é a realidade. A estiagem causa não somente impactos na agricultura, mas em toda sociedade. Se não tem água, não tem produção. Não se tem dinheiro e o comércio vende menos.

Precisamos ser sensíveis às causas ambientais. O Potengi está gravemente doente, porém não está morto, temos que agir de forma enérgica. Que esta seca faça toda a sociedade e os poderes reflitam, pois São Paulo do Potengi surgiu por causa do rio Potengi, por causa de sua importância e não o contrário. O Potengi é o nosso cordão umbilical que não pode jamais ser cortado. Dependemos dele.

Discutir a situação é fundamental. Ações são de extrema urgência.

Silenildo Lopes

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