Em meio à crise institucional da Petrobras, maior empresa pública do Brasil, que sofre dos reflexos da investigação policial que identificou rede de corrupção envolvendo a instituição, está sendo lançada nesta terça-feira, 24 de fevereiro, a Campanha em defesa da Petrobras. A articulação conta com a participação de sindicalistas, representantes de movimentos sociais, estudantes, artistas, advogados, jornalistas e intelectuais, com o lema "Defender a Petrobras é defender o Brasil”.
Na abertura da mobilização, será realizado um ato público, no auditório da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, com a participação dos que já aderiram à campanha. Segundo a organização, estão confirmadas as presenças dos escritores Eric Nepumoceno e Fernando Moraes, da jornalista Hildegard Angel, do cineasta Luiz Carlos Barreto, da filósofa Marilena Chauí, do economista Luiz Gonzaga Belluzzo, entre outras personalidades.
Ato público será primeira de série de ações de mobilização nacional. Foto: Reprodução. |
O ato é organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) e pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), mas a campanha já começou nas redes sociais, com a coleta de assinaturas de adesão a manifesto oficial. Segundo o documento, a ação institucional contra a corrupção tem o apoio da sociedade, na expectativa de esclarecimento dos atos e rigorosa punição dos culpados. A articulação denuncia, no entanto, que a ação estaria servindo a uma campanha visando à "desmoralização” da Petrobras, com reflexos diretos sobre o óleo e o gás, responsável por investimentos e geração de empregos em todo o país.
De acordo com o manifesto, a Petrobras tem sido alvo de um "bombardeio de notícias” sem adequada verificação, muitas vezes falsas, com impacto sobre seus negócios, sua credibilidade e sua cotação em bolsa. "É um ataque sistemático que, ao invés de esclarecer, lança indiscriminadamente a suspeita sobre a empresa, seus contratos e seus 86 mil trabalhadores dedicados e honestos”, expõe o texto.
"Assistimos à repetição do pré-julgamento midiático que dispensa a prova, suprime o contraditório, tortura a jurisprudência e busca constranger os tribunais. Esse método essencialmente antidemocrático ameaça, hoje, a Petrobrás e suas fornecedoras, penalizadas na prática, enquanto empresas produtivas, por desvios atribuídos a pessoas físicas”, afirma o manifesto.
O documento, que circula na Internet, defende que não se abra mão de esclarecer todas as denúncias, de exigir o julgamento e a punição dos responsáveis. Porém, faz uma ressalva: "Mas não temos o direito de ser ingênuos nessa hora: há poderosos interesses contrariados pelo crescimento da Petrobrás, ávidos por se apossar da empresa, de seu mercado, suas encomendas e das imensas jazidas de petróleo e gás do Brasil”, complementa o documento.
De acordo com a FUP, o ex-presidente da República Luís Inácio Lula da Silva (Partido dos Trabalhadores) deve participar do ato público desta terça-feira, 24. A campanha em defesa da estatal prosseguirá após o ato, com atividades em todo o país. Uma manifestação popular está agendada para o próximo dia 13 de março, na Avenida Paulista, em São Paulo.
Ex-presidente Lula deverá participar do ato público da campanha. Foto: Reprodução. |
Impactos ao trabalhador
Em entrevista à Adital, o coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, afirma que a campanha é direcionada principalmente aos setores progressistas da política brasileira, incluindo os grupos intelectuais. Para isso, será feita uma mobilização a partir das bases.
"O principal recurso é queimar sola de sapato. Estar na porta das estações rodoviárias, metrôs e ouros locais divulgando o que representa a Petrobras para a economia nacional e o que a paralisação da empresa pode causar à população”, indica. "A campanha busca trazer as vozes políticas para a realidade. A classe política progressista está calada vendo todo esse sangramento que está feito na Petrobras e precisa ser chacoalhada”, explica Rangel.
Segundo ele, hoje, a Petrobras responde por em torno de 1,2 milhão de empregos e a crise institucional resvala de maneira direta ou indireta na manutenção do trabalho desses profissionais. "O trabalhador, num primeiro momento, sente a crise através da redução dos contratos. No primeiro mês, atrasa o salário; no segundo mês, também; no terceiro mês, demite”, aponta.
Coordenador-geral da FUP, José Maria Rangel, alerta para os impactos da crise nos trabalhadores. Foto: Reprodução. |
Rangel destaca que o entrave em empreendimentos da Petrobras, como as refinarias Premium 1 e 2, que seriam construídas nos estados do Maranhão e Ceará, respectivamente, e que não saíram do papel, atingiram gravemente as economias locais. "Esses estados se prepararam para receberem uma refinaria. Houve toda uma mobilização hoteleira, de comércio, e viraram elefantes brancos. A expectativa foi jogada por terra”, aponta o coordenador-geral da FUP.
"Nós saímos de uma empresa que, em 2001 e 2002, representava 2% do PIB [Produto Interno Bruto] nacional e que, agora, representa 13%. A Operação Lava-Jato tem nosso total apoio no que diz respeito à apuração e punição dos envolvidos em corrupção, mas não podemos aceitar que essa operação venha a dar um baque significativo na economia do país. O que se está fazendo é com a Petrobras volte ao mesmo tamanho de 2002”, alerta o sindicalista.
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